
15 de maio de 2025
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ICosmetologia
O tratamento do melasma sempre foi um grande desafio para nós, profissionais da área da cosmetologia e dermatologia. Embora o uso da hidroquinona, muitas vezes em associação com retinoides e corticóides, seja considerado o padrão ouro, ele não está isento de efeitos colaterais importantes — como eritema, irritação, ressecamento e, em casos mais graves, a temida ocronose exógena ou leucomelanodermia em confete. Por isso a busca por alternativas mais seguras e bem toleradas, como o ácido kójico, o ácido tranexâmico e, mais recentemente, a cisteamina.
Um estudo clínico recente, publicado em março de 2025 no periódico Cureus, comparou diretamente duas dessas alternativas: a cisteamina a 5% e o ácido kójico a 2%, avaliando sua eficácia e segurança em mulheres indianas com melasma facial.
O estudo: metodologia e objetivos
A pesquisa foi um ensaio clínico prospectivo,
randomizado e aberto, envolvendo 72 mulheres com melasma facial. As
participantes foram divididas igualmente em dois grupos:
·
Um
grupo utilizou creme com 5% de cisteamina;
·
O
outro grupo aplicou creme com 2% de ácido kójico.
Ambos os produtos foram utilizados uma vez ao dia,
à noite, por um período de 16 semanas. Os desfechos avaliados incluíram:
·
Redução
no índice de gravidade do melasma (mMASI);
·
Quantificação
da melanina nas lesões por mexametria (Courage + Khazaka, Alemanha);
·
Avaliação
dermatológica da aceitabilidade cosmética;
·
Questionário
sobre as características e aceitação do produto.
Resultados principais
Ao final das 16 semanas, os dois grupos
apresentaram melhora clínica significativa, mas a cisteamina demonstrou uma
leve superioridade numérica:
·
Redução
média do mMASI:
o Cisteamina 5%: 12,25%
o Ácido Kójico 2%: 10%
·
Redução
da melanina (mexametria):
o Cisteamina 5%: 5,13%
o Ácido Kójico 2%: 4,81%
Embora os dados não tenham sido estatisticamente
significativos, é importante ressaltar que nenhum dos grupos apresentou
efeitos adversos relevantes durante o estudo — reforçando a segurança
de ambas as abordagens.
Interpretação e aplicação prática
Para nós, formuladores e prescritores, esses dados
são extremamente valiosos. A cisteamina, por sua ação inibidora da tirosinase e
modulação de vias redox envolvidas na melanogênese, vem se consolidando como um
ativo promissor, principalmente para pacientes que não toleram a hidroquinona
ou que desejam uma abordagem de manutenção mais segura.
Já o ácido kójico é um velho conhecido: bem
tolerado, eficaz em muitos casos, e frequentemente usado em associações com
outros despigmentantes. O estudo mostra que, embora ambos tenham resultados
semelhantes, a cisteamina pode oferecer um leve benefício adicional, o
que é clinicamente relevante em pacientes com melasma crônico e recalcitrante.
Conclusão
Este estudo reforça algo que já vínhamos observando
na prática clínica: a cisteamina a 5% é uma excelente alternativa ao ácido
kójico a 2%, com segurança e eficácia semelhantes — e, em alguns casos, até
superiores.
Para quem formula ou prescreve, vale considerar a
inclusão da cisteamina em protocolos noturnos, especialmente em pacientes que
desejam resultados sem os riscos associados à hidroquinona. E para nós, que
buscamos constantemente opções baseadas em evidência, é mais uma ferramenta
bem-vinda no arsenal contra o melasma.
Se você quer entender melhor como formular com cisteamina ou deseja ter acesso a protocolos completos de clareamento baseados em evidência, acompanhe o blog e nossas próximas aulas!
Abraços!
Lucas Portilho
—
Referência: Patil R, Dhoot D, Balasubramanian A, Patil S, Barkate H. Comparison
of the Effectiveness and Safety of 5% Cysteamine and 2% Kojic Acid Creams in
the Treatment of Melasma in Indian Adult Females. Cureus. 2025 Mar
28;17(3):e81330. doi: 10.7759/cureus.81330.
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