29 de janeiro de 2021
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ICosmetologia
As Águas Micelares foram lançadas no mercado como uma opção suave de limpeza, hidratação e remoção de maquiagem.
Micelar? A palavra micelar vem de “micela”, uma estrutura formada por surfactantes que são matérias-primas usadas para remoção de sujidades. Quanto mais surfactante adicionamos, maior a chance deles atingirem a concentração micelar crítica, que é onde inicia o processo de formação das micelas (micelização).
Se pararmos pra pensar, todos os surfactantes, ou a grande maioria deles, tem potencial de formar micelas, então logo vem a dúvida em nossas mentes...”Posso colocar qualquer surfactante na água micelar?”
A resposta pra essa pergunta é não. Simplesmente porque existem surfactantes que são muito agressivos para a pele e não se encaixam no conceito das Águas Micelares.
O mais famoso, o lauril éter sulfato de sódio (Sodium laureth sulfate) é considerado irritante e além disso não possui ação seletiva, isto é, assim como ele pode remover a sujeira da nossa pele, também vai se ligar a lipídios da pele, levando as nossas ceramidas, ácidos graxos e colesterol para o ralo.
O resultado é uma barreira deficiente e excesso de perda de água pela pele, levando a desidratação.
Figura 1. Efeitos negativos dos surfactantes na pele
A evolução dos surfactantes
Nós usamos sabões a muitos anos, pelo menos alguns estudos mostram que desde 1880 os sabões já eram feitos através de reações de saponificação onde gorduras com associadas com sistemas alcalinos geravam, aliás, ainda geram sabonetes em barra com pH extremamente alcalinos (pH 9-11). Nada bom pra nossa pele.
Os sabonetes líquidos vieram para reduzir essa agressividade e surfactantes como lauril sulfato de sódio, lauril éter sulfosuccinato de sódio, lauril sarcosinato, carboxilatos, lauril glucosideo e tantos outros chegaram para nos ajudar a formular produtos de limpeza mais seguros.
Mas nenhum desses citados acima pode ser deixado sobre a pele, é necessário enxaguar, portanto para o conceito de água micelar, não seriam os mais indicados, apesar de vermos alguns deles em formulações do mercado.
Suavidade para águas micelares
Minha sugestão para quem vai formular água micelar é usar surfactantes que não requerem enxague. Neste caso gosto do Amisoft ECS-22 (Disodium Cocoyl Glutamate) e também gosto muito de 2 saponinas com capacidade de limpeza, a K-Noa Foam, uma matéria-prima feita a partir da saponina da quinoa e o Sapogel Q, derivado da quillaja.
Precisamos usar surfactantes concencionais?
Como as águas micelares não seguem uma legislação, a grande verdade é que encontramos produtos que nem sequer usam os surfactantes convencionais. São utilizadas matérias-primas etoxiladas como sistema de remoção de sujidades. Como sabemos a etoxilação transforma uma matéria-prima num tensoativo, não necessariamente um com grande capacidade de espumação, mas com potencial suficiente para se ligar em moléculas apolares e na água ao mesmo tempo. Sendo assim, mesmo com um potencial baixo de limpeza, será efetivo para limpar de forma suave. Neste caso, os ésteres etoxilados são os mais utilizados.
De olho no rótulo
Então fique atento, observe se sua água micelar tem surfactantes convencionais e agressivos e se tiver, é melhor enxaguar depois de usar. O uso de apenas ésteres etoxilados, a necessidade de enxague diminui.
Outro ponto de atenção é o excesso de hexilenoglicol que vi em algumas formulações, se for um produto importado, os ingredientes estarão descritos na maior para a menor concentração. Caso o hexilenoglicol esteja no topo da descrição, melhor enxaguar depois de usar, pois se trata de um solvente muito poderoso.
Você também pode mandar manipular suas águas micelares, fazendo formulações de acordo com a pele do paciente.
Se quiser mais de 10 formulações de águas micelares totalmente seguras, entra em contato com a Consulfarma pra obter mais informações, pois desenvolvi várias para os assinantes do Clube Consulfarma.
Abraços
Lucas Portilho
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