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Empreendedores apostam em ‘men care’ e faturam R$ 10 milhões

31 de janeiro de 2022

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ICosmetologia

Empreendedores apostam em ‘men care’ e faturam R$ 10 milhões

Dr. Jones chegou ao mercado em 2013 investindo em produtos para beleza masculina e já levantou R$ 11,5 milhões em aportes

O Brasil é o segundo maior mercado de men care (beleza e cuidados masculinos, no termo em inglês) do mundo, perdendo apenas para os Estados Unidos. Segundo a Euromonitor, as vendas cresceram 70% no país entre 2012 e 2017, chegando a movimentar R$ 19,8 bilhões. Apostando na popularização dos produtos entre os homens brasileiros e inspirados nas marcas norte-americanas, os sócios Andre Papoutchi e Guilherme Campos criaram a Dr. Jones em 2013.

Até agora, os sócios levantaram quase R$ 11,5 milhões em aportes para a expansão da marca e alcançaram R$ 10 milhões de faturamento em 2021. “Nossa missão é ajudar a derrubar o preconceito do homem em relação à beleza. Pelo tamanho do mercado, sabemos que eles consomem, apesar dos estereótipos. Queremos destravar esse sentimento”, explica Guilherme Campos, CEO da empresa.

A dupla se conheceu na época da faculdade, por meio de amigos em comum. Reencontraram-se no trabalho e, quando decidiram empreender, apostaram na parceria menos pela amizade e mais pelo conhecimento da ética profissional um do outro. Observando o movimento de crescimento de produtos de men care nas prateleiras dos Estados Unidos, a dupla decidiu investir no conceito no Brasil, surfando no sucesso das barbearias, que se proliferaram por aqui em versões mais modernas, mas com toque vintage. “Não entendíamos nada do assunto, entramos com a ótica do consumidor. Tivemos uma curva de aprendizado devagar para construir a marca, mas entramos sem nenhum vício, ao contrário dos grandes players”, explica Campos.

Enquanto nas grandes farmácias e perfumarias norte-americanas o mix de produtos oferecidos era de marcas de todos os tamanhos, das independentes às mais tradicionais, com itens específicos para cada parte do corpo, o Brasil contava apenas com três marcas massivas, com produtos focados em três frentes: desodorante, barba e shampoo. “Ao analisar dados do setor, vimos que o Brasil era o segundo mercado no mundo em higiene e beleza masculinas. Existia um mercado grande, mas pouca comunicação e opção”, afirma o CEO.

Após estudar as possibilidades, os sócios deram início à Dr. Jones em 2013, adotando um modelo de negócios focado nos canais tradicionais. Não contavam com as dificuldades que encontrariam em uma seara dominada pelos grandes players, com pouco espaço para marcas novas. O modelo também não era compatível com a troca que a dupla queria ter com os consumidores, que buscavam informação. “Percebemos muito rápido que eles procuravam os itens dos quais sentiam falta na internet. Por vergonha e preconceito, preferiam tirar as dúvidas no digital do que no varejo físico”, explica.

A Dr. Jones então fortaleceu a presença no online a partir de parceiros, vendendo produtos em grandes plataformas como Amazon, Beleza na Web e Submarino. “No primeiro momento foi positivo, mas com a presença pulverizada em 30 sites, não conseguíamos mais controlar o preço porque o varejista não estava preocupado em construir marca, apenas vender. Perdemos ponto de contato com o nosso público”, admite.

A necessidade de se reconectar com os compradores e entender quem realmente era o consumidor da Dr. Jones levou ao movimento de sair dos e-commerces e do varejo físico em 2019 para focar os esforços em canais de venda próprios – inicialmente, no digital. “Demos um passo para trás para poder controlar a experiência toda e entender quem compra, por que compra e o que gostaria de ver na marca”, afirma.

No mesmo ano, a marca recebeu seu primeiro aporte: R$ 1,5 milhão da Astella Venture Capital. A quantia foi direcionada a testar o novo modelo de negócios. “Perdemos os pontos de contato com todos os clientes para reconstruir do zero, tinha muito risco, mas tínhamos convicção no novo modelo”, pontua.

Em 2020, já com o novo projeto em ação, a marca apresentou crescimento de 30% ao mês e realizou mais uma rodada de investimento, captando R$ 6 milhões com a Igah Ventures. No primeiro ano do novo modelo, o faturamento da marca foi de R$ 3,2 milhões. Em 2021, a mesma gestora fez o segundo investimento na empresa, desta vez de R$ 4 milhões. No mesmo ano, o faturamento da marca mais do que triplicou, alcançando R$ 10 milhões.

Atualmente, o portfólio da Dr. Jones é composto por aparelhos de barbear e cuidados com a barba (espuma e balm para barbear, gel pós-barba, shampoo e pente para barba), skincare (gel de limpeza e esfoliante facial), itens para os cabelos (shampoos, cera e pomada) e para o corpo (shower gel, sabonete e gel redutor de gordura abdominal). Os produtos não são testados em animais.


Fonte: Revista PEGN

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