
14 de julho de 2025
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ICosmetologia
Hoje trago como sugestão de leitura o estudo das pesquisadoras da Turquia, Defne
Özkoca e Nazli Caf, que conduziram um estudo clínico com o objetivo de avaliar
a eficácia e segurança do gel de dapsona a 7,5% no tratamento da rosácea
papulopustulosa. Apesar de a dapsona tópica já ter recomendação nível A para
essa condição inflamatória crônica da pele, este foi o primeiro estudo
específico a documentar sua performance clínica nesse contexto.
Como foi conduzido o estudo?
Foram recrutadas 32 mulheres entre 18 e 70 anos,
todas diagnosticadas com rosácea papulopustulosa e com pontuação mínima de 2 na
escala IGA (Avaliação Global do Investigador). As pacientes aplicaram o gel de
dapsona 7,5% uma vez ao dia, à noite, por oito semanas, e não puderam utilizar
nenhum outro tratamento tópico ou sistêmico durante o estudo – com exceção
claro, de um protetor solar FPS 50 e um creme emoliente.
Os resultados foram positivos?
Foram sim – e bastante significativos. Veja os
principais dados:
o Semana 0: 22,10 ±
8,95
o Semana 4: 11,90 ±
6,49
o Semana 8: 3,87 ± 3,76
o Semana 0: 3,06 ±
0,81
o Semana 4: 2,10 ±
0,87
o Semana 8: 0,74 ± 0,73
As reduções nas contagens de lesões e nas pontuações clínicas
foram estatisticamente significativas já no primeiro mês de uso e se mantiveram
em melhora contínua até o segundo mês. Um ponto extremamente relevante: os
resultados foram consistentes independentemente da idade das participantes.
Outra informação que achei bem
importante foi a ausência de efeitos adversos como ardência, dor, eritema ou
descamação – sintomas comuns em peles com rosácea. Isso reforça a dapsona como
uma opção segura, especialmente para pacientes com baixa tolerância cutânea.
Embora promissor, é importante
observar que o estudo foi limitado à população feminina e não incluiu grupo
controle (placebo ou comparador ativo). Mesmo assim, os dados são bastante
encorajadores e abrem espaço para considerar a dapsona 7,5% como uma
alternativa eficaz e bem tolerada, principalmente em pacientes com
sensibilidade a outros ativos como metronidazol ou ivermectina.
Pra
quem quer saber mais sobre a dapsona:
Diamino difenilsulfona: é um derivado sintético da sulfa, tradicionalmente utilizado por via oral no tratamento da hanseníase e algumas doenças autoimunes, como dermatite herpetiforme e lúpus. Porém, sua formulação tópica ganhou popularidade nos últimos anos, especialmente em doenças inflamatórias da pele como acne vulgar e, mais recentemente, rosácea.
Seu
mecanismo de ação não é apenas antibacteriano, como muitos pensam. A dapsona
atua principalmente como anti-inflamatório, inibindo a atividade de
neutrófilos e a produção de espécies reativas de oxigênio (ROS), que estão
aumentadas na pele com rosácea. Isso ajuda a reduzir a vermelhidão, as pápulas
e as pústulas sem causar irritação significativa — um ponto crítico para
pacientes com pele sensibilizada.
Abraços!
Lucas Portilho
1. Özkoca D, Caf N. The treatment efficacy of 7.5%
dapsone gel in papulopustular rosacea: a prospective study. Cutan
Ocul Toxicol. 2024 Dec;43(4):405-409. doi: 10.1080/15569527.2024.2424932. Epub
2024 Nov 12. PMID: 39529605.
2. Lovell KK, Momin RI, Sangha HS, Feldman SR, Pichardo
RO. Dapsone Use in Dermatology. Am J Clin Dermatol. 2024
Sep;25(5):811-822. doi: 10.1007/s40257-024-00879-8. Epub 2024 Jul 30. PMID:
39078587; PMCID: PMC11358223.
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