
27 de janeiro de 2020
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ICosmetologia
É inegável que a procura por cosméticos éticos está
ganhando importância entre os aficionados por beleza: no Reino Unido, 50% dos
consumidores buscaram, em 2018, produtos ditos naturais. De acordo com
relatórios de tendência da consultoria Nielsen, o mercado de cosméticos
orgânicos devem crescer 8,5% nos próximos sete anos, enquanto 75% dos
millennial já procuram produtos sustentáveis. A Reds, empresa especializada em
pesquisas para estratégia, fez, com exclusividade para Universa, um
levantamento segundo o qual pelo menos 34% das brasileiras consomem cosméticos
naturais como maquiagem e produtos para o rosto e corpo.
Assim como o internacional, o mercado brasileiro
tem fôlego para crescer. Mas, segundo Karina Melaré, diretora executiva da
Reds, há um desafio pela frente: mostrar que cosméticos éticos são tão
eficientes quanto os outros.
"Entrevistamos 991 mulheres dos 18 aos 54
anos, das principais regiões metropolitanas do país. Elas têm muita
desconfiança em relação à performance desses produtos, já que se fala pouco
sobre os ativos deles", diz a executiva. O preço também é um impeditivo
para que os cosméticos éticos se tornem mais populares. "Elas acham que,
por acreditarem que eles não sejam tão eficientes, o preço a se pagar é
alto." O que pode mudar essa concepção é o movimento de grandes empresas,
como Unilever e Natura, em investir nesse segmento. "70% das nossas
entrevistadas têm uma visão positiva desses produtos", afirma. Karina.
A cosmetóloga Joielle Mendonça afirma que outro
desafio é a falta de informação dos consumidores sobre o que difere os tipos de
cosméticos verdes. "O Brasil não tem nenhuma legislação e o mercado tem
usado os rótulos de produtos veganos e orgânicos como puro marketing, já que as
pessoas têm 20% mais chances de gastar em um cosmético dito natural." Para
que um sérum ou hidratante receba o selo de cosmético verde, ele precisa
atender algumas exigências internacionais e ter algumas especificidades. A
especialista explica cada um deles:
Cosmético natural
Para ser considerado natural, um cosmético tem que
ter pelo menos 95% de ingredientes naturais — que podem ser processados ou
beneficiados quimicamente — na composição e 5% de ingredientes orgânicos, de
acordo com a legislação internacional. "Um ativo natural tem origem de um
ser vivo encontrado na natureza, seja ele de origem vegetal ou animal",
afirma Joielle. Por isso, nem sempre um cosmético natural é vegano. "Ele
também precisa desempenhar uma atividade biológica ou farmacológica no
embelezamento da pele." A vitamina C, por exemplo, é um ativo natural, já
que pode ser extraída do suco de laranja. Porém, a substância não precisa
chegar ao consumidor final em seu estado bruto, mas enriquecida e
potencializada em laboratório.
Cosmético orgânico
"É o produto cuja composição tem 95% de
matérias-primas certificadas como orgânicas", diz Joielle. Para um
composto, seja vegetal ou animal, ser considerado orgânico, ele não pode ter
sofrido nenhuma alteração química ou hormonal ao longo do processo. "Desde
o preparo do solo, plantio, até a colheita", diz a especialista. O ativo
não pode passar por nenhum beneficiamento químico, mas pode ser processado em
laboratório. "Com solventes sustentáveis e biodegradáveis." O produto
pode conter conservante, mas ele também precisa ser certificado. "Para ter
certeza que o cosmético é orgânico, procure pelo selo COSMOS, reconhecido
internacionalmente."
Cosmético vegano
"É aquele que é totalmente isento de
ingredientes de origem animal e não foi testado em animais", afirma
Joielle Mendonça. É comum as pessoas confundirem cosméticos veganos com
naturais, porém, na busca por elementos que não tenham origem animal, a
indústria pode lançar mão de alternativas sintéticas. Assim, o cosmético vegano
pode ou não ter ativos naturais ou quimicamente modificados. "É possível
ter um cosmético que pode ser natural, orgânico e vegano, mas não
necessariamente eles estão todos ligados."
Sem crueldade animal
O selo The Leaping Bunny, cedido pela Cruelty Free
International, atesta que um produto é feito sem crueldade e sem testes em
animais em todas as suas etapas, incluindo os fabricantes de ativos que compõem
o cosmético. "Para eu te vender um produto final, tenho que ter
certificado que cada fornecedor meu tem esse selo registrado", diz
Joielle. Isso não impede, no entanto, que o produto tenha ativos de origem
animal. "Desde que seja extraído sem causar sofrimento animal".
Cosmético sustentável
É o produto que nasce de um movimento de maior
vegetalização das fórmulas e que busca diminuir o impacto ambiental de sua
linha de produção. "Um exemplo são os produtos da Natura, que criou pontos
de apoio na Amazônia e beneficiou comunidades locais, que extraem os ativos
vegetais". O cuidado com os dejetos também é importante para que um
cosmético seja sustentável. "As fabricantes que têm essa consciência
procuram usar, em sua linha, 100% do ativo para que ele não volte para o
ambiente em forma de lixo." Mais uma vez, isso independe se o produto tem
origem animal ou não.
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