Cafeína como Ativo Cosmético no Combate à Queda Capilar
Uso a cafeína desde 2007 em minha
formulações pra tratar queda de cabelo. A cafeína, um alcaloide amplamente
conhecido por seus efeitos estimulantes no sistema nervoso central, claro que é
bem famosa no tratamento da celulite (que aliás é bem mais complicado devido a
baixa permeação do ativo), mas para tratamentos de alopecia pode e deve ser
utilizado.
Mecanismos de Ação
da Cafeína no Folículo Piloso
A eficácia da cafeína no tratamento da
queda capilar está relacionada a vários mecanismos fisiológicos:
- Inibição da Fosfodiesterase (PDE): A cafeína
inibe a enzima PDE, resultando no aumento dos níveis intracelulares de AMP
cíclico (cAMP). Esse aumento promove a proliferação celular e a atividade
metabólica nos folículos capilares.
- ·
Antagonismo dos Receptores de Adenosina: Ao bloquear
os receptores A1 e A2A da adenosina, a cafeína induz vasodilatação e melhora a
microcirculação no couro cabeludo, facilitando a entrega de nutrientes e
oxigênio aos folículos. (por isso atenção! use a cafeína em loções capilares
separado da adenosina).
- ·
Propriedades Antioxidantes: A cafeína
atua como antioxidante, neutralizando radicais livres e protegendo as células
do folículo piloso contra o estresse oxidativo, um fator associado à queda de
cabelo.
- ·
Estimulação da Expressão do IGF-1: Estudos
indicam que a cafeína aumenta a expressão do fator de crescimento semelhante à
insulina 1 (IGF-1) nos folículos capilares, promovendo a fase anágena
(crescimento) do ciclo capilar.
Penetração Cutânea
e Entrega Folicular
A eficácia da cafeína depende de sua
capacidade de penetrar na pele e atingir os folículos capilares:
- Via Folicular: A cafeína penetra
preferencialmente através dos folículos pilosos, que atuam como canais diretos
para a entrega de ativos ao bulbo capilar.
- ·
Formulações Eficientes: Estudos
demonstraram que shampoos contendo 1% de cafeína conseguem entregar cerca de
8–9% do total aplicado diretamente nos folículos capilares, evidenciando a
eficácia dessa via de administração.
- ·
Use
aumentadores de permeação para melhor ainda mais a permeação, como transcutol
5% ou dimethyl isossorbida 5%.
Evidências Clínicas
da Eficácia da Cafeína Tópica
Diversos estudos clínicos têm
investigado o impacto da cafeína tópica na saúde capilar:
- ·
Estudo com Homens com Alopecia Androgenética: A aplicação
de shampoo com cafeína por 6 meses resultou em redução significativa da queda
de cabelo, aumento da força dos fios e melhora na densidade capilar.
- ·
Estudo com Mulheres com Eflúvio Telógeno: Mulheres que
utilizaram shampoo com cafeína apresentaram melhora na densidade capilar e na
saúde do couro cabeludo, com boa tolerabilidade e ausência de efeitos adversos
significativos.
Considerações para
o Desenvolvimento de Produtos Cosméticos
Para maximizar os benefícios da cafeína
em produtos cosméticos capilares, é essencial considerar:
- ·
Concentração Ideal: Estudos
sugerem que concentrações de 0,2% em soluções tópicas e até 2% em shampoos são
eficazes e seguras.
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Veículo Adequado: A escolha do veículo (shampoo,
tônico, sérum) influencia a penetração e a eficácia da cafeína.
- ·
Combinação com Outros Ativos: A associação
da cafeína com outros ingredientes, como niacinamida, pantenol e antioxidantes,
pode potencializar os efeitos terapêuticos.
Segurança e
Tolerabilidade
A cafeína tópica é geralmente bem
tolerada:
- ·
Baixo Risco de Efeitos Adversos: A aplicação
tópica de cafeína apresenta baixo risco de efeitos colaterais, sendo segura
para uso prolongado.
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Ausência de Efeitos Sistêmicos: Devido à sua
aplicação local, a cafeína tópica não está associada aos efeitos sistêmicos
observados com outras terapias para alopecia.
Recomendo a leitura desse artigo,
pois está liberado na íntegra e pode te ajudar a compreender melhor as ações da
cafeína no tratamento de queda capilar.
abraços!
Lucas POrtilho
Referência:
Szendzielorz, E., & Spiewak, R.
(2025). Caffeine as an Active Molecule in Cosmetic Products
for Hair Loss: Its Mechanisms of Action in the Context of Hair Physiology and
Pathology. Molecules, 30(1), 167. https://doi.org/10.3390/molecules30010167
