10 de agosto de 2022
|
ICosmetologia
Durante a última década, houve um progresso substancial na compreensão dos mecanismos que promovem o envelhecimento da pele humana. Uma característica importante da pele envelhecida é a fragmentação da matriz dérmica de colágeno – evento responsável pela perda da integridade estrutural e pelo comprometimento da função dos fibroblastos –, que resulta de ações de enzimas específicas (metaloproteinases) observadas no envelhecimento intrínseco e extrínseco1. Os fibroblastos que produzem e organizam a matriz de colágeno não podem se ligar ao colágeno fragmentado e, subsequentemente, colapsam. Na pele envelhecida, os fibroblastos colapsados produzem baixos níveis de colágeno e altos níveis de enzimas que degradam o colágeno. Uma vez perdida uma quantidade crítica de colágeno, esse desequilíbrio avança o processo de envelhecimento em um ciclo deletério que não termina2.
Adicionalmente, a perda do volume facial – pela combinação de frouxidão tecidual, reabsorção óssea e atrofia gordurosa – desempenha um papel importante no envelhecimento. A gordura da face é compartimentada e cada compartimento individual envelhece em um ritmo diferente no mesmo indivíduo. Um rosto jovem é caracterizado por uma transição suave e invisível entre esses compartimentos de gordura, mas a idade traz mudanças de contorno devido às perdas de volume e ao reposicionamento dos tecidos, levando ao desenvolvimento de cavidades3-5. Em conjunto, as alterações de pele e volume que ocorrem com o envelhecimento mudam gradualmente o formato do rosto, passando de um rosto caracteristicamente jovem, cheio, macio, suave e oval para um dominado por flacidez e sombras, e com uma aparência mais quadrada.
Os bioestimuladores de colágeno têm um papel importante na restauração do volume facial perdido, pois exercem seu efeito estético ao promover a neocolagênese, volumizando os tecidos de maneira gradual e progressiva. O mecanismo de ação de todos os dispositivos estimuladores de colágeno atualmente disponíveis no mercado (ácido poli-Lláctico, hidroxiapatita de cálcio, policaprolactona, dentre outros) começa com uma resposta inflamatória subclínica do tecido após o implante (inflamação granulomatosa subclínica), seguida de encapsulamento e fibroplasia, a qual produz o efeito desejado. É provável que a produção de novo colágeno, demonstrada por microscopia eletrônica, ocorra devido ao efeito de estiramento mecânico da pele após o reequilíbrio da produção e da degradação do colágeno6.
A pessoa que deseja uma “solução rápida” para um evento futuro, como reunião ou casamento, pode ficar mais satisfeita com um agente que fornece resultados imediatos. Os resultados ideais, previsíveis e reprodutíveis são melhor facilitados por previsão cuidadosa (seleção de pacientes), planejamento (análise e mapeamento facial) e realização (preparações e injeção adequadas de produtos) de maneira informada. É útil avaliar primeiro a face em termos da integridade de cada tecido estrutural – pele, gordura, músculo e osso. Em seguida, observar as alterações morfológicas – forma, proporções e topografia da face. Não se deve concentrar-se apenas em “linhas e dobras”, mas considerar todas as mudanças estruturais na face e a interdependência entre elas: olhar para todo o rosto como um quebra-cabeça conectado em 3D, em que consumir ou adicionar volume poderá ter um impacto negativo ou positivo. A análise facial, portanto, é um processo de observação e palpação, provocação que permite determinar a natureza e a extensão das alterações do tecido estrutural que envelhecem o rosto naquele momento específico. Não é uma “receita”, mas sim uma “leitura”. Um ponto importante a ser observado é que um rosto com pele muito flácida é difícil de volumizar com gordura ou preenchimentos, e pode necessitar de uma quantidade substancial de produto para alcançar um resultado desejável.
As diferenças técnicas entre o uso de bioestimuladores e preenchedores são simples e diretas, mas são extremamente importantes para o uso seguro e bem-sucedido desses produtos. Como os agentes bioestimuladores empregam a reação do hospedeiro, os efeitos não são imediatos e frequentemente necessitam de mais de uma sessão de aplicação para recompor o volume de uma mesma área. A escolha das áreas faciais a serem injetadas com bioestimuladores depende da extensão das mudanças observadas em cada camada estrutural e da paridade dessas mudanças entre as camadas. Um paciente jovem com lipoatrofia grave por causa do vírus HIV, por exemplo, é um “problema de tecido único”, apenas necessitando de volumização de compartimentos vazios de gordura. A maioria dos pacientes, entretanto, tende a perder um pouco de volume em todas as camadas estruturais do tecido. Obviamente, todos os terços do rosto devem ser abordados para obter um resultado natural.
04 de novembro de 2024
01 de novembro de 2024
28 de outubro de 2024
24 de outubro de 2024
23 de outubro de 2024
21 de outubro de 2024
ICosmetologia 2024. Todos os direitos reservados.