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Em cápsulas ou chás, a planta tem flavonoides que podem funcionar como os hormônios

Ondas de calor que vão e voltam e suores noturnos são sintomas que podem ser comuns tanto em mulheres que já estão na menopausa, quanto nas que estão ainda no climatério - período de cerca de dois anos que antecede o fim da menstruação. O chamado fogacho é um dos sintomas mais incômodos desse período. Para quem prefere não enfrentar o problema com reposição hormonal, os ginecologistas podem recomendar substâncias com flavonoides, que têm efeitos semelhantes aos dos hormônios. Uma dessas aliadas naturais é a folha da amora.

A menopausa começa, geralmente, entre os 40 e 55 anos e é o momento em que os folículos dos ovários são atrofiados e param de produzir estrogênio, o hormônio feminino. Com isso, além da perda da fertilidade e consequente fim da menstruação, a mulher pode experimentar uma série de sintomas, como dores de cabeça, calores, palpitação, irritabilidade, cansaço, queda da libido, ressecamento vaginal, mudanças na pele e perda da massa óssea.

Nessa fase, muitas optam por repor artificialmente esses hormônios para amenizar os sintomas, mas essa escolha pode ter efeitos colaterais, como aumento nas chances de câncer de mama, trombose e problemas cardiovasculares. Por isso, adeptos da ginecologia natural tentam controlar os desconfortos com outras substâncias, especialmente as ricas em flavonoides, que tem a capacidade de "simular" os receptores dos hormônios.

Embora ainda haja poucos experimentos sobre o assunto com humanos, já existem evidências de benefícios da folha da amora no combate aos calores. Pesquisadores da Universidade Federal de Juiz de Fora analisaram o uso do chá no alívio de sintomas do climatério em mulheres do interior de Minas Gerais. O estudo teve uma baixa amostra de entrevistadas e é preciso levar em conta o efeito placebo, mas a conclusão foi uma percepção de melhora nos sintomas de cerca de 90%.

A ginecologista natural Debora Rosa também vê bons resultados no uso da planta para combater os fogachos e costuma indicar para suas pacientes: "A natureza oferece algumas plantas que são fitohormônios e conseguem ter uma ação muito parecida com a desses hormônios femininos. A folha da amora ainda é considerada uma erva de uso popular, com poucas comprovações científicas. Mas na prática vemos resultados incríveis", avalia.

Para Rosa, uma das vantagens da folha da amora é que ela age apenas no útero: "Ela é rica em isoflavona, que, no intestino, é metabolizada e libera substâncias ativas, agindo como o estrogênio no corpo. Existem receptores hormonais alfa e beta. No útero temos um tipo de receptor e na mama outro. Diferente da reposição hormonal, que age em todos, a folha da amora age especificamente no receptor que está no utero e não na mama. Por isso, ela não aumenta o risco de câncer de mama”, explica.

A folha pode ser consumida em forma de chá, infusões, tintura ou em cápsulas. A recomendação deve ser feita por um médico, dado que, para fazer efeito, algumas substâncias naturais devem ser consumida em grande quantidade e isso pode gerar riscos de interação medicamentosa ou sobrecarga de algum orgão a depender do histórico do paciente. Debora não recomenda, por exemplo, a folha da amora para pacientes com questões gástricas, como úlcera ou gastrite.